QUINTO CANTO
Sob a forma de nuvens errantes,
Caminhamos ao nosso Réu:
- Que sonhos tivestes, jovem pedante,
- até que atirastes ao léu?
- Sonhamos estar nas nuvens, jovem senhor.
- E me chamastes e eu lá estava,
- debaixo dos grilhões de areia.
- Mas com pão, leite e aveia.
- E por onde caminhastes, pássaro errante?
- Às nuvens estreitas, meu caro senhor.
- Por onde caminhas, pássaro pedante?
- À vida infinita, caro estupor.
- ...
- Indócil estrela,
Que vagueia solitária e adormecida
Pelos meneios que inquietam tua doce alma,
Pisa pelo caminho em tua descida
À magia do etéreo pássaro a envolvê-la.
Quão eterna pode ser,
Pelas ruas e caminhos tão distantes,
Tua cálida luz a se envolver
Entre os corpos de mil sonhantes.
Quão escuros são teus lábios ao se chocarem,
Quão belos são teus raios, leves, impotentes,
a nos tocarem.
Indócilstrela que vagueia Solitáriadormecida
Pelos m’neios quinquietam tuá dociálma,
Pisá p’lo caminhuem tuá d’scida
À m’gia duetério pásroem volvê-la.